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E se?

O texto-embrião do qual me originei

Minha mãe me ensinou que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose, Dumbledore disse que todos somos bons e maus, o que importa é o lado que escolhemos, a Disney me ensinou que rosa é para garotas e azul pra garotos, as histórias me mostraram que devo amar os heróis e temer os vilões, se está feliz ou se está triste, dualidade, binaridade... até o computador funciona á base de zeros e uns... isto ou aquilo, claro ou escuro, quente ou frio, belo ou feio... mas e se o mundo não for binário? E se houverem mais opções? E se elas não forem mutuamente exclusivas? E se... pense só por um segundo... e se não houvessem lados? Não houvessem títulos? Marina Colassanti bem que avisou: a gente se acostuma, mas não devia.

 

Intenções boas, pessoas boas. Intenções boas, pessoas ruins. Pessoas boas, ações boas. Pessoas boas, ações ruins. Ações boas, consequências boas. Ações boas, consequências ruins. O que importa? Intenção? Consequência? Esforço? Quem pode julgar? Quem conhece todos os lados? "nunca se compare com os outros, mas com o melhor que se pode ser" Qual é o seu melhor? Quando você fez todo o possível? E qual é todo o possível? E se? E se!

 

"Seja o melhor que se pode ser"! Os perfeccionistas bem sabem que o melhor é impossível, mas que buscá-lo dá excelentes resultados. Mas somos sempre medianos, tão medianos! Há tanta gente, alguém há de ser melhor que você naquilo que você faz melhor. E por que isso tem que ser ruim? Procure-o, encontre-o, aprenda! Ah! A maravilhosa arte de aprender, de nunca dominar, de nunca ser o melhor. A delícia de correr atrás, de se superar, de ser o melhor que se pode ser por um segundo, para depois descobrir que se é mediano, e correr atrás de novo.

 

A delícia de revoltar-se com as imperfeiçoes do mundo e de procurar consertá-las, de não aceitar, de não acomodar, de fazer algo a respeito, a delícia de esgotar-se pelas suas crenças!

E no que acreditas? Acredito na vida, em todas as suas formas, acredito no valor da vida! Acredito no amor (essa palavra que poderia ser seis ou sete de tantos significados que guarda!). Acredito nas imperfeições, no valor de reconhece-las, no valor de confrontá-las. Minha crença não tem nome, e porque teria? Acredito na constante transformação, no poder de ser "uma eterna metamorfose ambulante", e acredito no poder de nomear... palavras são poderosas, elas convencem a mente, enganam o corpo, são sementes de árvores das quais os frutos não podemos prever, mas podemos vislumbrar.

 

E o que fazes com essas crenças? Protejo a vida da forma que posso, praticando a delícia de esgotar-me e aprender. Guardo todo o amor que consigo em sorrisos, em abraços, em marmitas... guardo meu amor em cuidados, para que possa fazer tão bem aos outros quanto faz à mim. Vigio minhas imperfeições e cuido de tentar saná-las, tento mudar-me, permitir ser mudada. Cuido de não nomear quando não é necessário, e de nomear quando é preciso. Dia de Fazer, Dia de Cuidar, Dia de Descobrir... às vezes os nomes aparecem, as coisas cochicham como são, tornam-se

compreensíveis, mas aí mudam de novo e tento entender que o nome mudou também. É outra coisa que eu acredito: tudo muda, e mudar às vezes significa ir-se; para além da compreensão, para além da extensão de um braço, do alcanço de um abraço, ou às vezes sem deslocar-se: muda-se a forma, o jeito, o sorriso, a fase. "Não precisamos mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam", mas não podemos nos esquecer que as vezes os amigos precisam mudar de nós, e espaço, distância e até esquecimento são importantes, não devemos nos amarrar, nem amarrar aqueles que amamos. E está tudo bem, coisas e pessoas precisam ir, nada é para sempre, nada deve ser para sempre, "que seja eterno enquanto dure".

Parabéns! Sua mensagem foi recebida.

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