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Escolhas

As mulheres devem ser autônomas, livres, independentes. Elas devem ser fortes, guerreiras, unidas. As mulheres devem se bastar em si mesmas, se amar como são e se libertar de todos os padrões e imposições sociais.  

As minas aprenderam a fazerem-se livres. Não namoram, não casam. Bem sabem que o amor passa, o sexo perde o tesão. Ninguém quer ser de ninguém, casar é tomar posse. Se querem foder, fodem. Se querem afeto, guardam amizades. Mas elas não querem carinho. Não querem querer carinho. Intimidade e delicadeza não cabem às minas, não mais; pois elas querem ser só delas, dividir é um risco tolo.  

Eu me basto, eu me arco, eu me tenho. Mulher bela, recatada e do lar, mal sabes o mal que fazes às outras mulheres. Como podes não ver que foi dominada? Cegada? Doutrinaram-te, tomaram posse de ti. Pobre mulher que não se vê representada nas minas que lutam por teus direitos. Triste ser, fantoche da família hierarquizada. Tu é vítima, mas é também culpada: a pobre mulher sem voz ensina submissão. 

Mina forte, orgulhosa, ativista. Não entende que tua luta é vã quando está sozinha? O barulho que fazes não vai preencher o vazio que esconde no peito. Pobre de ti que não tem para quem voltar. Tu é vítima, mas é também culpada: nunca permite-se ser cuidada.  

Acordem, mulheres maravilhosas! Bela, recatada, do lar ou independente, autônoma, solteira: pouco importa. Não dividam-se por suas escolhas: unam-se pelo direito de escolher.

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